A Falência Sentimental de Martin Amis
O escritor inglês, falecido no último domingo, foi um satirista implacável contra o inferno da estupidez
What do they think has happened, the old fools,
To make them like this?
Philip Larkin, The old fools.
Now the moronic inferno had caught up with me.
Saul Bellow, Humboldt’s Gift[1].
1.
Uma semana antes de morrer de um câncer no esôfago, o jornalista Christopher Hitchens (1949–2011) escreveu o seu penúltimo artigo para a revista Vanity Fair, publicado no dia 9 de dezembro do ano passado, em que discorria sobre o aforismo de Nietzsche — “Aquilo que não me mata, me fortalece”. Para alguém que desembarcaria no país desconhecido de onde ninguém jamais voltou, a frase do filósofo alemão soava como piada de mau gosto. Substituiu-se tal reflexão por outras mais adequadas, e ele decidiu iniciar o texto com duas epígrafes: a primeira era de Bob Dylan, por quem Hitchens sempre mostrou admiração; a segunda era de Kingsley Amis (1922–1995): Death has this much to be said for it:/ You don’t have to get out of bed for it./ Wherever you happen to be/ They bring it to you — free[2].