A foto acima mostra perfeitamente a união promíscua entre comunicação e poder.
Depois de ter passado um pano para Vladimir Putin, de ter comprado a bodega do Twitter e tê-la transformado em um repositório de pensamentos pornográficos e de ter abraçado com ardor a campanha de Donald Trump, Elon Musk pulou sem parar numa aposta arriscadíssima - e venceu. Até o momento em que, hoje, foi chutado na bunda pelo Laranja numa coletiva divertidíssima. Veja aqui:
O prêmio foi a criação de um departamento que destruiria o tal do Deep State, chamado D.O.G.E. (Department of Government Efficiency).
Apesar da imprensa ter falecido por inanição no dia 5 de novembro, o que tivemos, com a ascensão de Musk à Casa Branca, é a criação de uma nova imprensa, pronta para divulgar tudo o que o Trump fizer nos próximos quatro anos, independente da permanência ou não de Musk no governo.
Mas será que ela é tão nova assim? Hamish Linklater, dono do Substack (empresa que tem uma rixa pessoal com Musk), alega acertadamente que Elon é o novo William Randolph Hearst, o famoso dono de jornais, o magnata responsável por popularizar, mais do que nunca, o gênero “imprensa sensacionalista” (também conhecido como “imprensa marrom”).
No livro clássico de Otto Friedrich, A Cidade das Redes, Hearst é descrito da seguinte forma:
“Hearst foi um dos bichos-papões dos liberais daquela época, um homem cujo controle de um grande império jornalístico dedicado à política reacionária e ao crime barato parecia torná-lo um demagogo altamente perigoso. O fato de que seus jornais de modo geral perdiam dinheiro e tinham poder limitado não impedia seus detratores de se preocuparem com o potencial de sua sinistra influência”.
Soa familiar, não?
Demais. Até porque Musk acabou de soltar essa bomba no ex-Twitter, algo que só Hearst faria naqueles dias:
A grande pergunta é: agora com o “fim de caso” com Trump (por causa de uma lei gigantesca que aumenta as despesas do Estado americano, o que vai contra suas pretensões libertárias), Elon Musk terá condições de manter todo esse poder dentro da noção meio amalucada que ele tem de liberdade de expressão - e que já tem impacto na nossa política brasileira, devido às suas relações conflituosas com Alexandre de Moraes; ou ele é apenas mais um projeto de tirano que, no fim, compensará o fracasso de querer controlar o mundo tentando dominar o conhecimento da humanidade, usando de seus recursos financeiros e tecnológicos?
É ver para crer. Ou, se for o caso, até mesmo para pular junto.
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